sexta-feira, outubro 06, 2006

Há algum tempo (26 de Fevereiro de 2006), já aqui contei a história da minha experiência com as críticas que fiz ao optimismo reinante sobre o acesso à Internet nas escolas públicas portuguesas. Isso aconteceu em 1999. Curiosamente, o problema mantém-se. Repare-se na notícia seguinte, retirada do Diário Digital:

UMIC: Dados sobre a Net nas escolas estão longe da realidade
A UMIC - Agência para a Sociedade do Conhecimento garantiu hoje que os dados de um estudo europeu sobre a utilização da Internet nas escolas portuguesas «não correspondem à realidade», apontando um «erro metodológico» na sua elaboração.

Segundo um relatório divulgado hoje pela Comissão Europeia, em 2006, 93% dos estabelecimentos de ensino em Portugal têm acesso à Internet, mas só três em cada quatro (73%) dispõem de uma ligação em Banda Larga.

«Todas as escolas públicas têm ligação à Internet em Banda Larga desde o final de Janeiro. Deve haver um erro de natureza metodológica, uma vez que o estudo se baseia em inquéritos a professores, que podiam não ter toda a informação disponível», afirmou o presidente da UMIC, Luís Magalhães. «Os dados reportados não correspondem à realidade», acrescentou.

O estudo, realizado na Primavera de 2006, englobou um total de 30 mil professores dos 25 países que compõem a União Europeia mais a Noruega e a Islândia, mas limita-se a utilizar o termo «escolas», sem especificar se públicas ou privadas.

«Mesmo que o relatório incluía escolas privadas sem Internet de Banda Larga, esse valor não explica a disparidade. Essa percentagem no global é muitíssimo inferior ao valor reportado», disse Luís Magalhães.

O documento indica ainda que em Portugal existem 6,4 computadores por cada 100 alunos, dado contestado pelo presidente da UMIC.

Segundo o responsável, e com base no recenseamento escolar de 2005/2006, publicado em Dezembro, existem 8,9 computadores por cada cem alunos, entre escolas públicas e privadas.

Também o presidente da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), Pedro Veiga, reiterou que a percentagem de escolas públicas com ligação à Internet no final de Janeiro era de 100%.

«Pelo que sei o estudo refere escolas, e em Portugal nem todas as escolas privadas que podem ter sido incluídas possuem Banda Larga», afirmou Pedro Veiga.

Salientando que a percentagem de 100 por cento foi confirmada objectivamente nos estabelecimentos de ensino, o presidente da FCCN questiona ainda se os professores inquiridos estavam devidamente informados.

«Não se devia inquirir professores, mas sim medir efectivamente. Cada docente reporta sobre aquilo que é a sua experiência directa», acrescentou, por seu turno, Luís Magalhães.

O Governo assinalou em Janeiro, numa cerimónia na escola básica do primeiro ciclo de Oriola (Portel), o final do processo de ligação de todas as escolas públicas do país à Internet através da Banda Larga.

Na mesma cerimónia, o primeiro-ministro, José Sócrates, considerou a conclusão deste processo um salto tecnológico que colocou Portugal como um dos países de topo nesta matéria na União Europeia.

Segundo o estudo divulgado hoje, em matéria de Internet de alta velocidade, o país ultrapassa ligeiramente a média da União Europeia, ocupando o 16º lugar entre os 27 países analisados, atrás de países como a Dinamarca, Estónia, Malta, Holanda e Islândia, todos acima dos 90 por cento.

Diário Digital / Lusa, 30-09-2006, 2:50:00

Claro que há aqui "erros metodológicos"! Inquirir professores permite aferir utilização REAL. Quem melhor do que os utilizadores pode dizer se o acesso existe realmente?

O grnade problema de toda esta questão do acesso à Internet nas escolas reside precisametne na palavra acesso. Um exemplo: quando contamos os computadores existentes nas escolas, contam só os de acesso público (a todos os professores e alunos) ou contam também os dos serviços administrativos, comissão executiva, etc.? E quantos dos de acesso público, quantos estão verdadeiramente utilizáveis (i.e., devidamente configurados, mantidos, seguros com anti-vírus e firewalls, etc.?)? Quantos permitem que se imprima ou se possam retirar ficheiros para um suporte externo (pen drive, por ex.)?

É aqui que reside o verdadeiro problema!

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