sábado, dezembro 09, 2006

Fecho e fusões de universidades

Vem a propósito da muito divulgada (desde logo pelo jornal Público) notícia do Diário Económico intitulada "Uma universidade pública em Lisboa pode fechar". Pormenor curioso, a notícia referia apenas 4 universidades públicas (UL, UNL, UTL e ISCTE), mas há mais uma sediada em Lisboa: a Universidade Aberta, também pública.

Recordo que o ministro negou a possibilidade de fechar instituições no debate televisivo "Prós e Contras". Do mesmo modo, apressou-se a desmentir a referida notícia do Diário Económico, classificando a possibilidade nela aludida de "fantasia".

Ora, eu proponho uma provocação: porque não fundir TODAS as universidades públicas portuguesas numa ÚNICA universidade: a Universidade Portuguesa (UP). As tão faladas vantagens da escala seriam certamente ainda maiores.

E até há bons exemplos. A Universidade da Califórnia (UC) está dividida em pelo menos 10 campus (Berkeley, Davis, Irvine, Los Angeles, Merced, Riverside, San Diego, San Francisco, Santa Barbara, Santa Cruz). A respectiva página de Internet refere que:

The UC family includes more than 209,000 students, 124,000 faculty and staff, 45,000 retirees and more than 1.4 million living alumni.

Em 2003 havia apenas 14.117 ou 14.115 docentes e 9144 funcionários não docentes nas 15 universidades públicas portuguesas, segundo a DGES. O Eurydice reporta 14.858 no ano lectivo 2004/2005. O mesmo documento reporta 173.897 estudantes inscritos nas universidades públicas no mesmo ano lectivo. Portanto, a UP nem seria tão grande como a UC.

Um pormenor interessante é que destes dados podemos verificar que há 124.000 funcionários (docentes e não docentes) para 209.000 alunos na UC e apenas 23.261 (embora em 2003, mas o número não deve ser muito diferente em 2006) para 173.897 alunos na UP.

Os rácios são, respectivamente, 1,7 alunos/funcionário na UC e 7,5 alunos por funcionário na UP.

Afinal, somos aparentemente mais eficientes do que a Universidade da Califórnia!

Note-se que não subscrevo esta ideia a priori, embora talvez fizesse algum sentido em termos de introduzir alguma coordenação no sistema universitário público como um todo. Na UC as diversas unidades têm um elevado grau de autonomia e o sistema funciona mais como uma federação. Não seria despropositado de todo, mas receio que não se poupasse muito dinheiro a curto prazo, o que parece ser a preocupação essencial actualmente.

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