domingo, outubro 22, 2006

O processo MIT

Tal como referi no post anterior, na edição da passada terça feria (17/10/2006) o Diário Económico (DE) noticiou algumas reacções aos acordos do governo português com universidades americanas, num artigo intitulado "Gago acusado de favorecimento em todos os acordos internacionais".

Na mesma edição, o DE publica ainda as respostas do ministro Gago às acusações de favorecimento na escolha das universidades. Diz o ministro que o processo resultou da “decisão política de topo combinada com a avaliação científica externa”.

Apesar de o ministro ter respondido por escrito, há pelo menos uma afirmação que é nitidamente abusiva:
"O próprio processo de construção do programa é em si um novo modelo de trabalho, em que a decisão política de topo se combina com a avaliação científica externa, o trabalho de base e o envolvimento directo dos actores que vão dar efectivamente corpo ao programa."
Que o ministro entenda que tem legitimidade para tomar a "decisão política de topo" ainda percebo, mas referir que o processo envolveu uma "avaliação científica externa", dando a entender que foi também independente (as avaliações externas de instituições têm precisamente este sentido) é desonesto.

No caso
do acordo com o MIT, a avaliação científica externa foi realizada pelo próprio MIT, logo não é nada independente.

Não conheço ainda os detalhes dos restantes casos (CMU e UTA), mas parece-me que "o modelo de trabalho" foi o mesmo.
Pelo menos, a documentação divulgada só contém uma avaliação internacional, feita pelo MIT (ver Relatório final da avaliação da colaboração Portugal-Instituto de Tecnologia do Massachusetts).

Aliás, esta argumentação já foi usada pelo ministro na :2, quando foi entrevistado pelo Vasco Trigo no dia da assinatura do acordo com MIT, ao insistir que o processo tinha envolvido avaliação internacional, seguindo as melhores práticas internacionais, o que não parece ser verdade.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial