sábado, dezembro 09, 2006

Paradoxos

Os meus posts anteriores geraram alguns comentários interessantes e esclarecedores de algumas dúvidas que tinha.

Desde já agradeço os incentivos.

Quanto a ter o "Prós e Contras" sido ou não esclarecedor, eu acho que foi para quem esteja minimamente informado sobre as questões da Educação Superior. No entanto, esforcei-me por ouvir o máximo de opiniões de pessoas que viram o debate e não têm este tipo de conhecimento (a maioria dos espectadores, provavelmente) e foi com base nesse feedback que escrevi.

Pessoalmente, achei esclarecedor sobre o estado actual do sistema de ensino universitário, mas sobre o seu futuro fiquei menos esclarecido, nomeadamente sobre o que a tutela pretende objectivamente fazer.

Continuando as reflexões sobre questões específicas, parece-me preocupante a ausência do CIPES (Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior) deste debate público sobre o futuro da Educação Superior. Aliás, não consta que o próprio MCTES ouça o CIPES. O que é paradoxal porque é o único centro de investigação do país sobre este assunto, com muito e bom trabalho publicado e reconhecido internacionalmente. Ainda por cima, financiado em parte pelo próprio estado português!

A missão do CIPES, tal como é enunciada na sua página de Internet, é esclarecedora:

O CIPES é um Centro de Investigação criado em 1998 pela Fundação das Universidades Portuguesas do Conselho de Reitores (CRUP). O Centro é financiado pelos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, pelos Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e por Universidades membro.
As linhas de orientação são traçadas pelo Conselho Científico – de que fazem parte, além dos membros da Direcção, os responsáveis pelos projectos de investigação. O Presidente é designado pelo CRUP e os dois Vice-Presidentes são nomeados pelo CRUP, sob proposta do Presidente.
O CIPES colabora em diversos programas de pós-graduação das Universidades membro, onde se inclui programas de Mestrado e de Doutoramento.
As definições estatutárias do Centro permitem-lhe cooperar com governos, instituições educacionais e institutos congéneres, nacionais e estrangeiros. O CIPES é membro fundador da Associação Europeia HEDDA – Higher Education Development Association, de que fazem parte outros Centros Europeus, tais como: o CHEPS (Holanda), o CSET (Reino Unido), o IREDU (França), NIFU (Noruega), PFI (Noruega) e o Coordinating Structure of Finnish Higher Education Research (Finlândia).
O CIPES possui um perfil e uma orientação interdisciplinares, provindo os seus investigadores das mais variadas áreas do conhecimento e do desempenho das mais diversas funções no domínio do Ensino Superior. Esta opção tem permitido um evidente enriquecimento das abordagens e dos trabalhos de investigação levados a cabo.
O CIPES, desde a sua fundação tendo vindo a organizar Seminários Científicos Internacionais de alto nível em áreas chave das políticas de ensino superior.

Havendo uma instituição deste tipo, não deveria ser ouvida sobre estes assuntos? Nem no "Prós e Contras", apesar de alguém (não me recordo quem, terá sido o Prof. Adriano Moreira?) ter referido o nome do Prof. Alberto Amaral, director do CIPES.

Outra situação paradoxal é a ênfase que a retórica governamental coloca na qualidade e na garantia da qualidade (Quality Assurance) na Educação Superior, mas que não se traduz num empenho idêntico em acompanhar o que se faz internacionalmente neste âmbito.

Concretizo: decorreu há alguns dias, em Novembro, o 2006 European Quality Assurance Forum: "Embedding Quality Culture in Higher Education". O título sugere a relevância do evento. Quem esteve presente representando o governo português? Aparentemente ninguém!

De Portugal estiveram presentes apenas representantes: dos estudantes (um), do CIPES (um), da Universidade de Aveiro (dois), do Porto (um) e de Lisboa (dois). Só.

Deve ser significativo, não?

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