sábado, setembro 16, 2006

Saiu hoje o primeiro número do semanário "Sol".

É mais simpático do que "O Expresso", mas isso não chega para fazer dele um grande jornal. Aliás, também não acho que o Expresso o seja, embora esta seja uma opinião pouco fundamentada (mais sobre isto adiante), porque já não o leio há muito tempo.

O jornal assenta essencialmente em artigos demasiado curtos para serem verdadeiramente informativos. A opinião também não traz novidades, com nomes conhecidos a escrever artigos também curtinhos e sem boa fundamentação, como é norma na imprensa portuguesa.

O suplemento de economia/negócios é muito fraco, apesar das boas intenções enunciadas no início.

A revista padece dos males gerais do resto do jornal, mas sempre tem uma entrevista e uma reportagem um pouco mais alongadas. Não percebo é o nome: Tabu??

Francamente irritante é colocarem a publicidade (quase) sempre na página da direita, relegando os textos informativos (serão?) para a da esquerda. Já sei que a publicidade é mais cara na página da direita, porque é a que capta primeiro a atenção do leitor. Também sei que o negócio dos jornais não é informar, mas sim vender (muita!) publicidade. Mas podiam secundarizar menos o conteúdo... Bem, pensando bem, a publicidade é o verdadeiro conteúdo.

Com tudo isto, não digo que seja pior do que a imprensa existente, mas para projecto novo inova pouco e no que inova mete-se por maus caminhos. Talvez seja uma necessidade para captar leitores: textos mais longos, boas análises críticas e opiniões bem fundamentadas talvez não seja a receita certa para tiragens elevadas. É pena...

Tem, no entanto, alguns pontos fortes: declara valer por si mesmo e, por isso, não oferecer brindes nem promoções (ainda bem!); custa 2 euros, o que me parece um preço justo; é graficamente bem conseguido; não detectei gralhas nem pontapés na gramática, tão comuns nos restantes jornais (em particular nos diários); o suplemento "Essencial" está bem conseguido e tem palavras cruzadas, montes de sudokus e alguns passatempos para os mais jovens, o que é sempre bem vindo.

O projecto online tem potencialidades que o podem diferenciar dos concorrentes e constituir um ponto forte, em particular se a ideia de publicar no jornal (em papel, não apenas na internet) artigos interessantes de leitores for para levar a sério. Só espero que não siga o exemplo ganancioso do "Público", cobrando o acesso.

Fico na dúvida se voltarei a comprá-lo...
A propósito da polémica papal...

Não posso deixar de achar a opinião do JV Costa completamente válida, principalmente porque me dei ao trabalho de ir ler o texto integral do discurso papal (difícil, mas muito interessante).

Aliás, o tema central, que é a razão, interessa-me muito e lembra-me que ainda não li um livro que comprei em tempos, apropriadamente intitulado Return to Reason (Toulmin, 2001).

Porque a versão inglesa do discurso papal não mostra os caracteres gregos, fica também o link para o texto em italiano, onde aparecem correctamente.

Aliás, acaba por ter uma certa piada comparar as 2 versões!