domingo, março 02, 2008

The Lisbon MBA

O MCTES apresentou com pompa e circunstância mais um resultado do acordo com o MIT, o The Lisbon MBA.

De acordo com os documentos que consultei (ver links acima) o programa vai custar 9 milhões de euros aos parceiros privados e até mais 4,5 milhões de euros de dinheiro público (via FCT). Ou seja, 13,5 milhões de euros em 5 anos, para formar cerca de 330 gestores de topo.

Apeteceu-me fazer uma contas: 13.500.000 euros a dividir por 33o, dá 40.909 euros por cada formando. Ou seja, uma vez que o programa é um MBA intensivo de 1 ano, cerca de 3400 euros por mês (fiz a 12 meses, como é intensivo não devem tirar férias...).

É caro, mas talvez valha a pena. O que não percebo é como é que esta formação avançada se enquadra nos objectivos do governo:
O Programa possibilitará ainda reforçar a capacidade de investigação universitária na área da gestão em Portugal, estando particularmente concebido para facilitar o aprofundamento das relações entre o tecido económico, e as empresas em particular, e a comunidade universitária.
Um MBA é uma formação de carácter profissionalizante e não estou a ver como possibilitará ainda reforçar a capacidade de investigação universitária na área da gestão em Portugal!

Não é um mau objectivo. Mas é um projecto extremamente caro. E tentar convencer que contribui para desenvolver a Ciência e a Tecnologia em Portugal é exagerar, porque qualquer contribuição será certamente muito indirecta.

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sábado, março 01, 2008

Financiamento do Ensino Superior e da I&D

Para acabar de vez com as confusões entre financiamento do Ensino Superior e da Investigação, cito o Comissário Europeu Ján Figel (EU Commissioner for Education, Training, Culture, and Youth):
[...] our proposals entail a new relationship with public authorities, because more autonomy means limiting the role of governments.
More autonomy also means being able to attract funds, spending them wisely, and being accountable for the decisions taken.
But no modernisation is possible unless EU countries invest more and better in higher education. We believe EU countries should devote at least 2% of GDP—public spending and private funds together.
And to avoid any misunderstanding, this 2% should be added to the 3% of GDP we propose as a target for spending on Research and Development.
Ou seja, o nível de financiamento mínimo em Educação Superior (ES) deve ser de 2% do PIB e este acresce aos 3% do PIB propostos como investimento mínimo em Investigação e Desenvolvimento (I&D).

Compare-se com os números do financiamento público para 2008 em Portugal:
  • 0,7% do PIB para a Educação Superior
  • 1,0% do PIB para I&D
Como o nível de financiamento privado de ambas as actividades é muito baixo, vê-se que há um longo caminho a percorrer...

Se assumirmos que o Estado deveria assegurar pelo menos metade da despesa total do país em ES e I&D, então a 1,7% do PIB estamos muito longe dos recomendados 2,5% do PIB (metade dos 5% mencionados pelo Comissário Europeu). E já mostrei que no caso da ES a tendência tem sido de reduzir o financiamento em percentagem do PIB.

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