Começam a aparecer os resultados dos protocolos entre o Estado português e as universidades americanas. Um caso concreto, com a Carnegie Mellon University (CMU):
The joint Carnegie Mellon - University of Coimbra (CMU-UC) Software Engineering Masters Program is a premier professional program in producing software engineering industry leaders and agents of change by teaching the practical application of innovative theories in a mentored studio environment.
Vamos a questõe$ importante$. Das FAQs:
Is there any scholarship that I can apply to so that I can dedicate exclusively to this Masters?
For a limited time, for all studens entering the MSE program, the Portuguese government will cover €36,000 of the €46,000 total per student tuition cost. (The original training in the US costs USD $60,000.) The remaining €10,000 will have to be secured by the student. Bear in mind that there is a set of enterprises who are involved in the Portugal/CMU agreement. These companies will allow their employees to attend this degree and may support them financially.
Bem, as boas notícias são que o curso está em desconto e um estado português paga a parte de leão. As más notícias vêm depois. Ainda das FAQs:
What are the costs of this degree?
The total tuition to be secured by the student is €10,000. You should also consider the living expenses during the semester spent at Carnegie Mellon University, in the US. (Minimum indicative cost: USD 1250/month). The flight costs around €900 and the visa about €165. All students are expected to own a laptop.
Portanto, ainda há que contar com o semestre nos EUA, que não fica nada barato (comparar com os custos em Coimbra, na mesma página...).
Tenho algumas reservas relativamente a este exemplo. Tratando-se de um Mestrado Profissional, parece-me que é um daqueles casos em que o retorno privado previsível (ganhos futuros do formado) excedem largamente o retorno público, pelo que não se percebe o financiamento do Estado em quase 80% do custo em propinas (36.000 dos 46.000 euros).
Por outro lado, parece haver aqui um subsídio indirecto às empresas, porque o curso destina-se essencialmente a quem já está a trabalhar (exige-se um mínimo de 2 anos de experiência profissional). Novamente, o retorno privado (neste caso para a empresa) é capaz de exceder o retorno público.
Há ainda a considerar o risco de o formado decidir ir trabalhar para paragens mais lucrativas (suuny California...) e nunca vir a existir retorno público numa perspectiva nacional.
Por último, fico na dúvida se quem tem possibilidades de financiar uma formação deste género (ou trabalha para quem lha possa financiar) não a faria na mesma e, portanto, o Estado está a desperdiçar recursos que poderiam ser aplicados mais eficientemente, continuando a prejudicar quem mais precisa de formação e tem dificuldades financeiras enormes no respectivo acesso. Já acontece na formação inicial (1º ciclo/licenciatura - ver relatório da OCDE) e deve ser mais grave nas formações avançadas.