Relatório da OCDE online
Uma primeira nota, para referir que uma coisa que o relatório não recomenda é o aumento das propinas, com argumentos sensatos, diga-se.
Depois de uma leitura completa do texto integral, farei certamente alguns comentários.
Reflexões pessoais sobre assuntos diversos: Educação, universidades, Física, desenvolvimento sustentável...
The closure at Reading [of the Physics Department] says a lot about the state of higher education. A government department that is incapable of delivering on the prime minister's commitment to science, a funding body whose interest is in helping universities positively spin department closures, and governing bodies within our institutions who are often neither accountable to nor representative of staff or students.O resto pode ser lido no site do Guardian. No final há ligações para uma série de artigos relacionados com esta problemática.
And second, is the Asian region any more than a series of nation-states obsessed with guarding their sovereignty — and do they have the ability to interact peacefully and constructively, much as the European Union is trying to do, to pool their individual strengths for the betterment of their region and the world beyond it? [ênfase meu]Muito agradável de ler depois de ter lido as invectivas de Vasco Pulido Valente na última página do Público de hoje (domingo). Bem sei que eram dirigidas essencialmente contra o socialismo, mais do que contra a Europa, mas quem o ler pensará que nada de útil resulta da União Europeia.
Vem a propósito da muito divulgada (desde logo pelo jornal Público) notícia do Diário Económico intitulada "Uma universidade pública em Lisboa pode fechar". Pormenor curioso, a notícia referia apenas 4 universidades públicas (UL, UNL, UTL e ISCTE), mas há mais uma sediada em Lisboa: a Universidade Aberta, também pública.
Recordo que o ministro negou a possibilidade de fechar instituições no debate televisivo "Prós e Contras". Do mesmo modo, apressou-se a desmentir a referida notícia do Diário Económico, classificando a possibilidade nela aludida de "fantasia".
Ora, eu proponho uma provocação: porque não fundir TODAS as universidades públicas portuguesas numa ÚNICA universidade: a Universidade Portuguesa (UP). As tão faladas vantagens da escala seriam certamente ainda maiores.
E até há bons exemplos. A Universidade da Califórnia (UC) está dividida em pelo menos 10 campus (Berkeley, Davis, Irvine, Los Angeles, Merced, Riverside, San Diego, San Francisco, Santa Barbara, Santa Cruz). A respectiva página de Internet refere que:
The UC family includes more than 209,000 students, 124,000 faculty and staff, 45,000 retirees and more than 1.4 million living alumni.
Em 2003 havia apenas 14.117 ou 14.115 docentes e 9144 funcionários não docentes nas 15 universidades públicas portuguesas, segundo a DGES. O Eurydice reporta 14.858 no ano lectivo 2004/2005. O mesmo documento reporta 173.897 estudantes inscritos nas universidades públicas no mesmo ano lectivo. Portanto, a UP nem seria tão grande como a UC.
Um pormenor interessante é que destes dados podemos verificar que há 124.000 funcionários (docentes e não docentes) para 209.000 alunos na UC e apenas 23.261 (embora em 2003, mas o número não deve ser muito diferente em 2006) para 173.897 alunos na UP.Como sou muito desconfiado, fui verificar e confirmei o prémio conferido pelo IPE - Investments & Pensions Europe.O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) foi eleito o melhor fundo de pensões português. O galardão foi atribuído pelo IPE - Investments & Pensions Europe, que desde 2001 premeia anualmente os melhores da indústria europeia de fundos de investimento. O fundo do Estado sucede assim ao BPI Pensões, vencedor da edição do ano passado.
Gerido pelo Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), o FEFSS é actualmente o maior fundo de pensões português, com cerca de 6,56 mil milhões de euros em activos sob gestão. Desde o início do ano, a sua carteira de investimentos já cresceu 5,81% face aos 6,2 mil milhões de euros registados no final de 2005. Também em retorno, o fundo do Estado bate algumas das previsões para o mercado português.
Em 2006, regista uma rendibilidade nominal de 5,2%, enquanto as estimativas da Mercer Investment Consulting para os fundos de pensões nacionais apontam para uma rendibilidade média de 4,8%. Já a Watson Wyatt prevê, para o mesmo período, uma rendibilidade média de 7,4%. No ano passado, o FEFSS obteve uma rentabilidade nominal de 6,76% e real de 4,44%.
Havendo uma instituição deste tipo, não deveria ser ouvida sobre estes assuntos? Nem no "Prós e Contras", apesar de alguém (não me recordo quem, terá sido o Prof. Adriano Moreira?) ter referido o nome do Prof. Alberto Amaral, director do CIPES.O CIPES é um Centro de Investigação criado em 1998 pela Fundação das Universidades Portuguesas do Conselho de Reitores (CRUP). O Centro é financiado pelos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, pelos Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e por Universidades membro.
As linhas de orientação são traçadas pelo Conselho Científico – de que fazem parte, além dos membros da Direcção, os responsáveis pelos projectos de investigação. O Presidente é designado pelo CRUP e os dois Vice-Presidentes são nomeados pelo CRUP, sob proposta do Presidente.
O CIPES colabora em diversos programas de pós-graduação das Universidades membro, onde se inclui programas de Mestrado e de Doutoramento.
As definições estatutárias do Centro permitem-lhe cooperar com governos, instituições educacionais e institutos congéneres, nacionais e estrangeiros. O CIPES é membro fundador da Associação Europeia HEDDA – Higher Education Development Association, de que fazem parte outros Centros Europeus, tais como: o CHEPS (Holanda), o CSET (Reino Unido), o IREDU (França), NIFU (Noruega), PFI (Noruega) e o Coordinating Structure of Finnish Higher Education Research (Finlândia).
O CIPES possui um perfil e uma orientação interdisciplinares, provindo os seus investigadores das mais variadas áreas do conhecimento e do desempenho das mais diversas funções no domínio do Ensino Superior. Esta opção tem permitido um evidente enriquecimento das abordagens e dos trabalhos de investigação levados a cabo.
O CIPES, desde a sua fundação tendo vindo a organizar Seminários Científicos Internacionais de alto nível em áreas chave das políticas de ensino superior.
A racionalidade económica tem destas coisas: é clara como água, incontornável como uma grande montanha. E face a isto as universidades pouco podem dizer. O que o ministro quer dizer, no fundo, é que nada pode ficar como aqui, se o ensino superior quiser mesmo mudar em Portugal. De nada servirão as queixas (justas) dos reitores, quanto à falta de verbas para o seu funcionamento, se os próprios não perceberem que vão ter que mudar. As universidades precisam de ganhar escala, mas também sustentabilidade - dando espaço às privadas para que façam precisamente o mesmo. Será este o desafio de Gago: ganhar o apoio do sector para uma reforma tão inevitável como fundamental. O resto, virá por acréscimo.O que me chamou a atenção foi a frase que destaco a vermelho. Afinal, o objectivo é este: dar espaço às universidades privadas?! Mas elas precisam que lhes seja dado espaço? De que espaço estamos a falar? Então porque não mudam elas, conquistando o seu próprio espaço?