Universidades no mercado europeu
O artigo em si contém erros factuais grosseiros, o que é grave num jornal, para mais nacional e de grande tiragem, como é o Jornal de Notícias. A certa altura, o artigo reza assim:
[...] Na República Checa, por exemplo, no pólo da universidade inglesa Charles University, em Pilsen, quase metade dos alunos são portugueses. E nos outros pólos da instituição, em Praga e Brno, a comunidade lusa também é uma das maiores ao nível de estudantes estrangeiros."Pólo da universidade inglesa Charles University, em Pilsen"??? Bem, a Charles University, como é conhecida internacionalmente, chama-se Univerzita Karlova em checo e Karlsuniversität em alemão, foi fundada no século XIV precisamente na região onde ainda se encontra e nunca teve nada de inglesa! Alemã sim, que a língua usada até ao final do século XIX era o alemão.
Conferir em http://en.wikipedia.org/wiki/Charles_University_of_Prague
A Faculdade de Medicina de Pilsen, citada no JN, é um pólo da Charles University de Praga, República Checa.
Enfim, tirando estes pormenores (importantes) o essencial do artigo é que os estudantes vão para esta faculdade estudar medicina por três razões:
- não conseguem entrar nas universidades portuguesas devido ao brilhante sistema de admissão;
- o ensino é (este sim) ministrado em inglês;
- e, esta é uma razão particularmente interessante, porque o curso fica relativamente BARATO.
E a Faculdade ainda se compromete a manter o valor das propinas constante até ao final do curso!
Com as nossas subidas de propinas, qualquer dia é mesmo mais barato ir lá tirar o curso (seja ele qual for!) porque a diferença nos outros custos compensa largamente.
As universidades portuguesas que se cuidem!
As britânicas, que têm subido as propinas muito mais do que nós, já se deram conta deste problema. Veja-se este artigo recente do Guardian. Neste caso os alunos vão para a Suécia, onde parte dos cursos são também leccionados em inglês, uma vantagem óbvia para os britânicos, mas também para os portugueses, principalmente com o PM Sócrates a incentivar (obrigar?) as criancinhas a aprender inglês desde tenra idade.
A equação é simples:
custos baixos e qualidade de ensino elevada em instiuições europeias prestigiadas = fuga de alunos.